Maria Clara no Show do GEN VERDE* - Maringá-PR, maio de 2002 Era julho de 2.002. A copa do mundo já havia começado. A novela global lançou mais uma 'febre' no mundo da moda: lencinhos amarrados na cabeça. Maria Clara, minha filha caçula, na época com seis anos, lutava contra um linfoma que colocava sua vida sob um fio de navalha. Devido a várias sessões de quimioterapia seus cabelos caíram, deixando-a carequinha. Naquele fim de semana ela foi convidada para uma festinha de aniversário de uma das suas coleguinhas. Priscila, uma de suas irmãs, preocupada com o impacto que as amiguinhas teriam com a presença de Maria, trouxe-lhe vários lencinhos de cabeça de presente. Curiosa, a Maria logo perguntou: - Tata, o que é isso? - São lencinhos pra colocar na cabeça. É a última moda, sabia?! Todo mundo está usando, e você vai ficar linda com eles! A Priscila colocou um lencinho na cabeça da Maria Clara, amarrou e fez muitos elogios: -Ficou lindo! Você vai arrasar! Vai fazer o maior suces...
Há uma realidade da qual não conseguimos fugir: nascemos do outro, do encontro de outros e, só nos tornamos outro para o outro, na presença significativa do Outro. Nada somos ou seremos, se na presença do outro não o sentirmos, significarmos e o incorporarmos. O óvulo e o esperma que deram origem ao nosso organismo não eram nossos, nos foram doados pelo encontro de outros. Herdamos, filo e ontogenéticamente características de tantos outros que antes de nós existiram. Nascemos em meio a tantos outros que nos doaram e nos doam a cultura, a religião, os conhecimentos, a lei e a moral, a comunidade e o mundo. Outros que nos deram e a nós se referem pelo nome e sobrenome, substantivos próprios que nos distinguem e identificam perante toda a humanidade. Se nascemos do outro e pelo outro, tanto em nosso estado físico quanto em nossa subjetividade, em função de que necessitamos tanto buscar uma individualidade que, na maioria das vezes, nos separa desse outro? Se nos constituímos pessoas hu...