Pular para o conteúdo principal
NIVALDO MOSSATO
👋 Olá Nivaldo, tudo bem? Estava lendo seu blog e gostaria de conversar com você.

O PAPALAGUI - Um novo olhar sobre o mundo





Uma profunda reflexão pautada na simplicidade do olhar de um nativo


em relação a forma de vida escolhida pelo


homem moderno.



---------------------------



(...) Diz o Papalagui:


¨A palmeira é minha¨, só porque está na frente da sua cabana. É como se ele próprio tivesse mandado a palmeira crescer. Mas a palmeira nunca é dele, nunca. A palmeira é a mão que Deus nos estende de sob a terra. Deus tem muitas mãos, muitas mesmo. Toda árvore, toda flor, toda grama, o mar, o céu, as nuvens que o cobrem, tudo isso são mãos de Deus. Podemos pegá-las e nos alegrar, mas não podemos dizer: ¨a mão de Deus é minha mão¨.
Tuiávii.


-------------------------------





Nesta obra, o autor Erich Scheurmann traduz os escritos de Tuiávii, um nativo da ilha de Upolu, na Polinésia, que em viagem pela Europa do século XIX sofre o impacto da diferença cultural existente entre o Papalagui (homem branco) e seu povo. O indígena escreve aos integrantes da sua aldeia (Tiavéa) contando suas experiências (aventuras) na convivência com os europeus e traça um perfil, a seu ver, de como é o mundo do homem branco, como ele vive, quais suas crenças, seus costumes, sua cultura e sua religião.

Com muita sabedoria e discernimento, tomando como base a cultura indígena e o aprendizado obtido junto aos missionários maristas, o protagonista faz um comparativo entre a forma de usufruir a vida adotada pelos papalaguis e a forma adotada pela tribo de onde se originou, levando-nos a uma reflexão profunda sobre a “verdadeira função” do homem sobre a terra.

Tuiávii não conseguindo reconhecer em que se baseiam os valores da comunidade européia descreve com autenticidade, veemência e convicção, o vestir, o morar, a forma de trabalho, de relacionamento e de comunicação adotada pelo papalagui. Descrição essa, que nos faz penetrar num mundo reflexivo, onde a ação humana exercida sobre seus semelhantes e sobre a natureza é, a seu ver, realmente questionável, pois aliena o homem a si mesmo, distanciando-o da sua essência: Deus!

Um choque cultural, que nos leva a rever nosso relacionamento com o trabalho, com os meios de comunicação, com o tempo, com o próximo e, principalmente, conosco e com Deus. Uma lição de vida, baseada na simplicidade de um coração autêntico, sem malícias, como o de uma criança, que perdida em seus sonhos, vendo um mundo novo surgir à frente de seus olhos, volta-se ao Pai e se lança em seus braços buscando refúgio e segurança.


Mesmo que, imersos no contexto desta obra, o “novo” lhe tenha causado “estranheza”; mesmo que a cultura do Papalagui seja completamente diferente da forma de Tuiávii ver o mundo, mesmo que o homem branco tenha o mesmo sentimento de estranheza em relação ao nativo e o choque cultural tenha provocado em ambos uma relativa “repulsão” aos seus costumes, vale a pena refletirmos sobre alguns conceitos, impregnados no cotidiano de nossas vidas, que muitas vezes nos leva ao ponto de nos abdicarmos de nós mesmos, dos nossos sonhos e, principalmente, da plenitude das relações com o outro, com a natureza e com Deus!


Pensemos nisso!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A PSICOLOGIA GESTÁLTICA DA UNIDADE E O CONCEITO DE FAZER-SE UM EM CHIARA LUBICH

A Psicologia gestáltica da unidade – PGU [1] ,empresta o conceito de ‘fazer-se um’ descrito por , Chiara Lubich [2] , Doutora Honoris Causa em Psicologia pela Universidade de Malta, 1999, e condecorada com outros quinze títulos Honoris Causa em diversos campos das Ciências Humanas, Prêmio Unesco de Educação para a Paz, 1996, e Ordem do Cruzeiro do Sul, 2012, para descrever a constituição da subjetividade humana, seus paradoxos de crescimento e atualização do Self, através do genuíno encontro intersubjetivo. Para a PGU, somente ao ‘fazer-se um’ com o Outro significativo se abre a possibilidade de transpor a imanência do Ser em direção a sua transcendência, onde o divino da relação possa abrir caminhos para a incorporação, no ‘Eu’, dos frutos doados pelo encontro. Para a PGU, portanto, o ‘Eu’ nada mais é que ‘sintoma/consciência’ de todos os ‘Tus’ que o antecedeu e com os quais de alguma forma contatou. O homem, antes de significar, é significado pelo outro. Antes de ser ator da própr...

A ARTE DE AMAR - UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA

O DADO DO AMOR PARA IMPRIMIR, RECORTAR, COLAR E JOGAR. DIREITOS RESERVADOS À EDITORA CIDADE NOVA: www.cidadenova.org.br e MOVIMENTO DOS FOCOLARES; www.focolare.org Não poderia ser diferente: tudo começou quando decidi fazer um pequeno ato de amor para um colega de curso que veio equipado de uma outra faculdade. Eu havia percebido, já há alguns dias, que 'aquela pessoa', cujo nome eu ainda não sabia, aparentava estar cada vez mais triste. Aproximei-me na intenção de 'ser amor' para ela e ouvi-la; quem sabe poderia ajudar. Perguntei-lhe se estava com algum problema e ela me falou da situação pela qual estava passando: havia começado a dar aulas numa escola de ensino fundamental na periferia de uma cidade próxima a Maringá-Pr. no início do ano. Já era meados de abril e ela ainda não havia conseguido interagir com os alunos, nem cumprir a proposta pedagógica. A sala estava muito desordeira, briguenta, não queria fazer nada além de bagunça e falar palavrões. Isso estava deix...

A ADULTIZAÇÃO DA CRIANÇA E A INFANTILIZAÇÃO DO ADULTO

  Muito se tem falado sobre o processo de adultização ou adultificação das nossas crianças e adolescentes em contraste com a infantilização dos adultos que, por tutela e responsabilidade (responsabilidade?), deveriam ser seus esteios e consciência. Pelo menos, deveriam ser. A PGU – Psicologia Gestáltica da Unidade compreende tal processo como uma terceirização, por parte dos pais, da formação do caráter e da personalidade da criança, onde a Função Paterna que regra a formação e delimitação das Fronteiras de Ego não cumpre seu papel devido a não encontrar, nos pais, ainda imaturos afetivamente, o regramento e a constância necessária para tal exercício.   Dito de outra forma, compreende-se que o processo de adultização, embora tenha múltiplos vieses de interpretação, se inicia quando abrimos mão da educação familiar terceirizando nossos filhos precocemente para creches e escolas sem que estas estejam devidamente preparadas para absorver a demanda do processo de desenvolvimento p...